quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Portugal e a politica, promete muito e não faças nada

Em tempo de crise surgem sempre algumas maldições.
A execração pode ser de diferentes ordens e ter variadas origens.
Fala-se na excomungada da crise económica, mas esquece-se de uma forma quase de ritual malvadez mental que teimosamente permanece alojado na ordem estrutural da classe politica do nosso país.
O trabalho é um atributo com que todos nós gostamos de enfeitar a nossa prosa. Mas embora haja muitos que trabalham realmente, há muitos mais ainda que permanecem alojados na frescura da sombra do pouco fazer. Há também os incompetentes, os gabarolas, os tristemente vaidosos, e outros que tais que não vale a pena enumerar. Mas esses inserem-se numa outra ordem de reflexão. Hoje apenas pretendo falar naqueles que trabalham, e nos outros; naqueles que a única coisa que fazem é passar a ideia que são muito trabalhadores.
Quando um político chega ao poder, a primeira coisa que pretende mostrar é obra. Qualquer obra. De forma a transmitir a ideia de que é muito trabalhador, dinâmico, progressista e competente. Sem cálculo de riscos devidamente previstos, sem pareceres técnicos convenientemente avalizados e, regra geral, com uma ignorância sectorial na maior parte dos empreendimentos que dinamizam, esses políticos ávidos de mostrar obra, mostram é uma panóplia generalizada de disparates. Assim aconteceu no passado e assim irá acontecer, com toda a certeza, no futuro. No presente, e no caso particular de Portugal, é que não acontece mesmo nada. Nem bem feito, nem mal feito. O homem a quem chamaram fenómeno é afinal mais um primeiro-ministro como tantos outros que se instalam nas cadeiras do poder a aguentar o fluir do tempo para validarem, ou tentarem validar mais um mandato. Depois, para o nada fazer, lá se há-de arranjar algum bode expiatório que, na maioria dos casos, ou assume a categoria de crise, ou de agente bloqueador, como quase sempre é classificada a oposição.
O pior de tudo é que a oposição em Portugal não pode servir de desculpa bloqueadora às ideias da equipa desleixada que actualmente exerce o poder no nosso país. A oposição é presentemente uma “canoa” à deriva, com um mestre desgastado, esgotado, e sem grandes possibilidades para incitar a moral entre os fatigados “marinheiros”.
A oposição em Portugal está refém de uma derrota, e só se conseguirá livrar desse estigma quando for proposto um outro mestre com idoneidade e capacidade para fazer acreditar aos embarcadiços na causa que se chama Portugal que o naufrágio não irá acontecer.